sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Medo de Amar?


Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.

O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.

E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.

Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.

Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.



Martha Medeiros

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Lembranças de você


Ali estava eu, indo em direção ao destino, injusto e repleto de voltas. Procurando desesperadamente um motivo para continuar seguindo e não desistir. As vodkas. As lembranças. Os esquecimentos. As antecipações. A vontade. O querer. A falta de ânimo. Os risos desesperados. O coração acelerado. A saudade. O amor. A dor. Você não chora? Você não se lembra? Você não sente falta? Saudade? Pois saiba que esse sentimento ainda existe, e machuca. Meu peito chora, sofre angustiado, vive calado! Mas a minha vontade mesmo, é te olhar nos olhos uma última vez e dizer que ainda te amo, que ainda te sinto aqui comigo, que sem você tudo fica escuro, nublado. Ouvi dizer que o amor deixa as pessoas bobas, fracas, sentimentais. Eu sei que você ainda me ama, sei que não se esqueceu das nossas tardes, os filmes, sorvetes, das minhas manias e frescuras. Aposto que ela não tem o mesmo sorriso que eu, aposto que ainda guarda as cartas e fotos, sei que ainda sente meu cheiro e me procura nela. Você não me esqueceu, não completamente. Não por ser eu, mas porque entre nós havia sentimento, mais do que carinho, admiração, atração. Era amor, era lindo. Sabe do que me lembrei agora? Dos planos para o futuro, da sua mania irritante de querer escolher o nome da nossa filha, que você insistia que fosse homem. No começo, foi difícil para mim, uma adolescente, entender que o primeiro namorado não é o único, e que para sempre é uma palavra que, na teoria, todos sabem que não existe, mas são poucos aqueles que na prática leva numa boa. Vou te dizer uma coisa, apesar do sofrimento, dos apertos, até que é bom. Chato seria se não houvesse esses tais erros e ilusões para crescermos humanamente. E hoje, eu sou o reflexo do que fui no passado, aprendi e cresci o suficiente para saber enganar as pessoas com esse sorriso de sempre que levo no rosto. Mal sabem que aprendi com você a fingir o tempo todo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Eu te esperei


Você tá aí, com novos planos e quem sabe com um novo amor. Mudou. Não sei mais o que te faz rir e nem se continua com aquela mania de gaguejar e se atrapalhar quando fica muito nervoso. Eu to aqui, com a mesma mania de rir desesperadamente quando fico nervosa e com medo do escuro. E sem um novo amor. Eu esperei você. Ah, como eu esperei. E Deus sabe que eu continuaria esperando se alguém, qualquer pessoa, até mesmo um desconhecido qualquer andando na rua me disesse que você voltaria. Mas ninguém nunca disse. Meu coração disse, mas ele também disse que você me amava, então, ele não conta. E eu continuei. Novos caras... mas nenhum servia. Esse não dá porque é do meu tamanho e com salto eu ficaria maior, desculpa. Aquele é lindo, mas eu dei um corte logo na primeira conversa e ele nunca mais voltou. Aquele é um sonho, porém muito quieto. E assim vai. Sempre disfarçando minha espera com incompatibilidade. Sempre adiando qualquer relacionamento porque eu queria estar inteira para quando você voltasse. Eu não acreditava mais na sua volta, mas aí tive aquele sonho. Eu sonhei que já estava curada de você e rodiada de amigos loucos, aqueles que você mais odiava que eu conversasse, falei para uma amiga que você não me quis e tinha ficado para trás, e foi quando você apareceu com uma cesta de chocolates e disse pra eu te perdoar por toda aquela frieza de antes e que você, agora, me faria muito feliz. E eu perdoei. E a gente se beijou. E você foi embora. Eu acordei tendo duas certezas: Você não voltaria e foi só um sonho.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Não era amor


Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada.
Eu sei,não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Telvez este seja o ponto. Talvez eu Não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu patio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória,sem seqüelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.
Não era amor,era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. Não era amor, ERA MELHOR"

Martha Medeiros

domingo, 26 de dezembro de 2010

Do tamanho dos nossos sonhos


Uma amiga me disse agora que "a gente não deve ser menor que nossos sonhos". Acho que meus olhos, se os dias fossem outros, se encheriam de lágrimas. Se os tempos fossem outros. As coisas mudaram muito e eu já estou me acostumando a ter um sorriso no rosto mesmo depois daquela noite que não dormi bem, ou num dia de coração bagunçado.
Não tenho muito tempo de escrever mais. Acho que tempo até tenho. Não tenho são as palavras.
E não quero ser menor que meus sonhos. Mesmo que eu não saiba quais são.

Noites Insones


Hesito por horas e acabo em frente ao seu portão. Sorrio ao ver você me esperando do lado de fora. Desço do carro, caminho ao seu encontro e me perco por longos minutos no seu abraço. Você me pede para entrar. Penso em como é estranho estar aqui depois de tanto tempo. Falo em saudades, pergunto sobre o seu dia e te peço desesperadamente para cuidar de mim. Você me pega no colo e me abraça tão mas tão forte que sinto os meus fantasmas indo embora um a um.

-Não fique assim, você me pede. Eu estou aqui por você. Com você. Eu sempre estive, Paula.

Meus gritos


Os meus gritos nunca são perdoados, os meus desabafos, as minhas dores quase nunca são compreendidas, é como se fosse pecado ou um crime eu sentir que devo e quero gritar, é como se eu não tivesse o direito de me sentir assim, como se não fizesse parte da minha anatomia. Tenho que ser forte o tempo todo, tenho que sorrir mesmo quando a alma chora e o coração fica minúsculo, caso contrário eu não tenho perdão. Não tenho perdão quando grito, quando me lamento, quando desabafo, quando me corto em mil pedaços mesmo sem querer e sinto sangrar lá no fundo da alma, mesmo assim não sou perdoada. Nem se todas as lágrimas do mundo me restassem e caissem , nem assim. Sinto um misto de dor e incompreesão em não ter o direiro de gritar, em não ter um ombro pra simplesmente deitar e chorar, sem produzir nenhum ruído, nada que atrapalhe a paz de alguém, só chorar e nada mais. Quero uma palavra de conforto, quero que me ouça apenas, e não grite mais alto que eu, não me julgue, não sinta pena nem raiva, nem sempre meus gritos são de fúria, as vezes são de pura dor e desespero, nada mais. Não precisa dizer nada, só me dê o ombro e passe as mãos nos meus cabelos e escute meus sussuros e minha respiração, e se eu gritar simplesmente olhe pra mim, olhe nos meus olhos e no meu rosto vermelho e me diga que a dor vai passar.